Toques

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Nostalgie

É Outono, mas isso não dá pra perceber. Só sei que a estação mudou porque o sol agora invade minha janela e às 7:45h me desperta, seja para puxar as cortinas e voltar a dormir, seja para acordar com as pernas ardendo por preguiça de levantar, seja para pensar o que de feliz um raio de urgência me traz. Se é outono ou não, não sei dizer. Mas que a palavra outono me traz um conformismo às avessas, me deixa com o calor do sol, mas sem a perspectiva de ir à praia saudá-lo.

Sei que é outono, mas o verão me faz falta. Sinto falta das flores da primavera e do friozinho do inverno. As chuvas de verão me faltam, mas esse sol que me entra todos os dias pela janela me faz pensar ainda mais em como o verão não está aqui.

Se não fosse outono, ardor me faltaria.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Calor

As meias rasgadas, os seios marcados, o desejo explorando os corpos. Não são só mãos, são lembranças, afetos e sintonia. Um corpo deseja o outro, e se há mais que isso não interessa. Agora, mais que um, os corpos são vários. São novas experiências, novos sentidos, novas vontades. Eles sabem o que querem, sabem o que o outro gosta, mas não sabem como. Ela é várias, mais uma, a outra, o agora. Ele se fecha, esconde, foge, mas aparece. A vontade de ter escondido os faz cada vez mais um do outro. Ali, lá. Quando juntos são sós, são todos. O gosto do beijo é rápido, forte, nervoso. As mãos se tocam, se apertam e o corpo inteiro suspira. É só sexo, e tudo mais que o só sexo é: um mundo. As meias frias derretem os corpos. A respiração procura, cada vez mais fundo, sugar o outro. Ser o outro, viver a si. A saliva pelo pescoço dá calafrios no corpo, até abrir as pernas e esquentar o mundo. Senti-lo perto, dentro, firme, deslizando e penetrando como água e óleo em chuveiro quente a faz subir, descer, amar. Mas é só sexo, é mais uma, é a outra. O sentimento desprende o corpo e fica no teto: o chão parece sujo, manchado; as vidas também. Percorrendo o teto e vendo mais abaixo que do chão, os sentimentos escorrem pela janela, rodam a cidade e voltam, bumerangueando os pensamentos e tornando-os mais presentes, sujos, manchados, confusos... gerando mais desses pensamentos e indo embora novamente. Um sobre o outro, com cheiros tão ácidos que os corroem, não se pensa em nada, mas se quer tudo. Alcançar o prazer no outro, pra si, os torna representante do outro, do além. São corpos que se expandem e se misturam, mas se perdem. Um último suspiro, a última nota da música e mais um passeio dos sentimentos. Bumerangueando sentimentos e confundindo corpos, viverão até que se separem.